22 set
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A Verdade sobre a Liderança Feminina – iPL semanal número 25

A participação da presidente Dilma na abertura da Assembleia Geral da ONU e a forte presença feminina no evento revelam o crescente papel da mulher em posições de liderança. Elas são consideradas mais eficientes do que os homens para assumir cargos de lideranças, e também sabem levar melhor os relacionamentos profissionais, de acordo com estudo desenvolvido pela Duke University. “As mulheres precisam quebrar o estereótipo de que são muito sensíveis para comandar uma negociação”, afirma o Program Director do iPL, Carlos Ferreira. “Embora ainda se julgue liderança por gênero, as demandas de cada posição exigem que todos os líderes integrem tanto elementos masculinos como femininos.”

Neste sentido, ele cita características de liderança da presidente Dilma. “Ela demonstra aspectos masculinos quando assume posicionamento forte, de comando e autoridade. No entanto, sua liderança tem características puramente femininas ao lançar metas como ‘Brasil sem miséria’ que remetem à ideia de nutrição, cuidado e compaixão com as pessoas”. Generalizando, as mulheres tendem a ser mais democráticas e participativas como líderes, e os homens, autocráticos, diretivos e competitivos. “A liderança de hoje exige a combinação das melhores características dos dois gêneros, independentemente se quem ocupa a posição é ele ou ela”, explica Ferreira.

Um dos ponto mais relevantes, quando se trata liderança feminina, é o trade-off que as mulheres enfrentam entre família e carreira. Mullheres executivas postergam a maternidade em nome do trabalho, ou abandonam a ideia de construir uma família. “No entanto, este quadro começa a mudar”, afirma o Program Director do iPL. “No século passado, a mulher era punida por se afastar da empresa para cumprir a licença maternidade e se dedicar à família. Hoje, há executive searches especializados em encontrar essas mulheres que tiraram um tempo para cuidar da vida pessoal e reintegrá-las em posições estratégicas nas organizações.”

Estudos realizados em conjunto por pesquisadores da University of Kansas e da University of Erlangen-Nuremberg revelam que a participação feminina em cargos estratégicos aumenta em períodos de crise. Foi o caso da americana Anne Mulcahy, que assumiu a presidência da Xerox em 2001, no lugar de Paul Allaire, quando a empresa passava por uma séria crise financeira. “Enquanto os homens lutam pelo poder, as mulheres são justas, hábeis comunicadoras e se relacionam bem no trabalho em equipe”, explica Ferreira. “A potencialização dessas características é fundamental para um momento crítico e pode ajudar a definir o quadro de executivos de uma empresa durante épocas de prosperidade ou de crise.”

Muito além dos elogios à liderança feminina, uma comparação quantitativa da presença da mulher em papeis estratégicos das organizações mostra que elas ainda estão distantes dos homens. Em cada 100 companhias brasileiras, apenas 8 são presididas por mulheres, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Nas melhores empresas para se trabalhar, elas ocupam 35% das posições de chefia, e representam 38% dos funcionários. Quando o assunto é salário, a última pesquisa do IBGE mostra que as mulheres recebem 66% dos salários dos homens, no mesmo cargo. Na área pública, elas ocupam menos de 10% dos cargos políticos existentes.

“Ainda vivemos uma transição”, afirma Ferreira. Ele acredita que as mulheres já venceram duas etapas nesse processo: entrar no mercado de trabalho e ocupar cargos de liderança. “A próxima delas será espelhar a percentagem de mulheres no mercado de trabalho em cargos estratégicos”, diz. “Assim como o mercado saiu do balanço financeiro exclusivo, para adotar o triple bottom line [baseado nos tripé financeiro, ambiental e social], é preciso que haja uma integração de valores entre homens e mulheres.” Essa harmonia entre características femininas e masculinas nos papeis de liderança pode se tornar uma das ferramentas mais poderosas no desenvolvimento das organizações e da sociedade.

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