29 jul
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Amy, Equilíbrio e Liderança – iPL semanal número 17

A morte da cantora Amy Winehouse nos leva a refletir sobre o conceito de equilíbrio e de escolhas conscientes na vida de líderes. À parte de julgamento de valores e princípios, cada pessoa atinge seu equilíbrio quando é capaz de fazer uma escolha consciente do que se quer. “Não defendo o uso de drogas e, na minha opinião pessoal, Amy não estava equilibrada. No entanto, o equilíbrio é algo pessoal”, afirmou o CEO do iPL, Carlos Da Costa. Em sua música “Rehab”, Amy chega a, insistentemente, afirmar que não queria se internar em uma clínica de recuperação porque não teria “70 dias” a perder. “Isso poderia indicar que Amy tinha alguma consciência da escolha que fez”, disse. “Neste caso, embora vivesse uma vida que, em nossa opinião, era sofrível, estava equilibrada segundo seus parâmetros.¨

Na área corporativa, há diversos exemplos que podem ser citados sobre diferentes padrões e escolhas no equilíbrio pessoal-profissional. Um dos principais executivos do setor financeiro brasileiro passava a maioria de suas noites dormindo em aviões, quando tinha 34 anos de idade e já era membro do board internacional de uma grande instituição global. O CEO da Nissan e Renault, o brasileiro Carlos Ghosn, voa em média 3 mil milhas por semana. “Nesse ponto, pergunta-se sobre o equilíbrio familiar e a vida pessoal”, afirmou Da Costa. “Se o executivo que trabalha 18 horas por dia não tem consciência dos malefícios que isso possa causar no curto e longo prazo, inclusive em sua capacidade de liderança, ele está desequilibrado. Mas, se ele está consciente dos riscos, dos problemas e dos custos consequentes dessa opção, ele fez uma escolha e vive em seu próprio equilíbrio.”

Para o CEO do iPL, um líder, em geral, tem de fazer muitos sacrifícios, em uma vida com maior dedicação para questões coletivas do que pessoais. “Líderes têm de exercer influência sobre outras pessoas, engajar o grupo, guiar seu comportamento na conquista de objetivos desafiadores”, ele disse. “Isso demanda tempo, escolhas, dedicação. No entanto, não se pode correr o risco de entrar na Síndrome do Sacrifício.”

Da Costa se referiu ao termo utilizado pelos especialistas Richard Boyatzis e Annie McKee para designar o desgaste físico e emocional que pode limitar a habilidade dos líderes de sustentar alta performance e, ainda, levar ao esgotamento profissional. “A Síndrome do Sacrifício começa com o processo de doação integral, levando-nos a perder o equilíbrio emocional e nos tornarmos, finalmente, ineficientes”, advertiu.

Bons líderes precisam de boa dose de auto-controle, o que exige esforços e energia emocionais. Quando se junta tudo isso, somado a uma ou duas crises reais, líderes podem experimentar o que Boyatzis e McKee chamam de power stress crônico, perigosa situação que pode minar a capacidade de um líder. “Sempre estamos em contato emocional com as situações que vivemos, tanto no trabalho como na vida pessoal”, afirmou Da Costa. “Estamos frequentemente à mercê de mudanças rápidas, na tomada de grandes riscos e de decisões importantes que podem significar tudo ou nada para nós mesmos, para nossas vidas ou da organização.”

Pesquisas recentes indicam que, quando envolvidos pela Síndrome do Sacrifício, a maioria dos líderes criam dissonância, mesmo que não pretendam e que tenham alta capacidade de desenvolver a liderança ressonante. “Eles justificam o próprio comportamento e até censuram os outros pelos problemas encontrados. Muitas vezes, começam a confiar em rotinas psicológicas de defesa para liderar, o que acaba formando espirais que avançam para baixo”, concluiu o CEO o iPL.

A chave do equilíbrio work-life está na consciência de cada um sobre as escolhas e ações tomadas no dia-a-dia. Se Amy Winehouse, Van Gogh e Charlie Parker foram vítimas da Síndrome do Sacrifício, ou viveram de forma consciente sua genialidade, é algo que nenhum de nós pode julgar. Somente eles mesmos poderiam. Só que, agora, é tarde.

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