05 maio
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Cultura, Liderança e a Importância dos Símbolos – iPL semanal número 5

Nos últimos dias, uma sucessão de acontecimentos trouxe à tona símbolos sociais importantes: um casamento real, a beatificação de um papa e a morte do terrorista mais procurado do mundo. Símbolos são a manifestação visível da cultura de um país ou de uma organização. Líderes transformadores devem interpretá-los, fortalecê-los e influenciá-los para garantir mudanças culturais duradouras.

Na semana passada, o casamento real levou alegria a um país que sempre exaltou a monarquia, e que agora sofre com uma recessão. A beatificação do papa João Paulo II aproxima a Igreja Católica do ecumenismo, como sugeria a imagem do beato. A morte de Bin Laden fortalece o orgulho americano e pode agir como catalisador de crenças sobre a importância dos Estados Unidos no cenário internacional.

“Tanto na sociedade como nas organizações, os aspectos simbólicos e culturais emergem principalmente quando se passa por uma crise e é preciso se restabelecer, em momentos de alavancagem de performance, ou quando acontecem processos de fusão”, afirmou o Program Director do iPL, Marcos Thiele, que acompanha organizações em processo de mudança cultural.

No campo corporativo, Thiele citou a fusão dos bancos Itaú e Unibanco, que está próxima da conclusão, e em que se tentou criar uma cultura mais adequada para o novo momento. “Na instituição, colocou-se todo o Comitê Executivo em uma única sala, o que não se fazia no Itaú por exemplo. No entanto, somente se conseguiu realizar tal mudança depois de provados os respectivos benefícios.”

A companhia aérea TAM teve momentos de crise depois de acidentes aéreos e da morte de seu fundador, passou por uma grande transformação interna e externa para resgatar o orgulho de seus funcionários e sua imagem no mercado. “Resgatou-se o orgulho de servir bem, o tapete vermelho, a presença do comandante no embarque e, assim, a companhia conseguiu se reerguer”, explicou Thiele.

O Program Director do iPL diferenciou casos de sucesso de situações culturais que não considerou sustentáveis, como a forte presença de Steve Jobs, à frente da Apple, e de Emilio Botín, no Santander. “A saída desses líderes da companhia poderia representar uma séria crise na organização. Isso significa que é o valor do líder que está consolidado, e não a cultura da organização, o que pode ser preocupante“, destacou Thiele. “O líder deve estar pronto para identificar situações em que necessita criar símbolos ou mesmo restaurar símbolos antigos. Liderança não somente cria cultura, mas é a força central para a gestão da evolução e da mudança de cultura.”

Para isso, é preciso conhecer a fundo as nuances culturais da organização, de acordo com o especialista em cultura organizacional Edgar Schein. Ele é autor do Guia De Sobrevivência da Cultura Corporativa e defende a idéia de que a cultura de uma organização existe em três níveis: artefatos, normas e valores, e pressupostos.

Artefatos são traduzidos por meio de manifestações físicas e comportamentais. É o caso do logo da companhia, dos rituais e dos padrões de comunicação. Normas e Valores são regras não escritas, que permitem membros de uma cultura saber o que é esperado deles em uma variedade de situações. No nível mais profundo da organização, crenças e pressupostos influenciam o que os membros de uma cultura percebem e como eles pensam e agem.

A cultura vem de dentro para fora, das profundezas dos pressupostos até a superfície onde artefatos podem ser observados. Aprender sobre cultura requer esforço, e o mundo se torna mais claro quando se desenvolve uma “inteligência cultural”, como chama Schein. Assim, os conflitos se elucidam, as resistências à mudança parecem mais normais e aumenta a capacidade de trabalhar com diversidades de sentimentos e pensamentos.

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