29 set
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Dólares, Líderes e Retreats – iPL semanal número 26

Em um ritmo de turbulências sem precedentes na economia global, os líderes de negócios vivem o desafio de definir estratégias e criar visões de longo prazo que façam sentido no novo contexto. De acordo com relatório divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, os maiores riscos em 2011 são desequilíbrios globais, crises fiscais, comércio ilícito e volatilidade de câmbio e preços. É preciso identificar tendências globais, analisar possíveis cenários e adequar as estratégias da organização de acordo com cada mudança de rumo do mercado.

“Hoje, a incerteza é a regra”, afirma o educador do iPL, e especialista em finanças João Marcos Marinho “Não se sabe até onde vai a volatilidade do câmbio, se o dólar vai explodir, como os governos reagirão às novas surpresas do mercado, se haverá mudança estrutural na economia mundial.” Para ele, em vez de se pautar em exercícios de previsão econômica, os líderes devem avaliar possíveis cenários globais e locais, e basearem-se naqueles que vão se desenhando com o passar dos acontecimentos. “Em tempos como os que vivemos, sobrevivem os que se adaptam melhor e mais rapidamente, e não os mais fortes.”

Neste ambiente turbulento, existe a tentação de sempre manter o foco no evento de risco, ou na mudança, mais recente. Por isso, é importante observar uma perspectiva de longo prazo para avaliações de risco e respostas adequadas a novas situações. A maioria dos riscos globais emergem ao longo de décadas, e não apenas em meses ou anos. Daí, vem a necessidade de se manter o olhar nos dez anos anteriores e  nos dez anos futuros. O comprometimento de longo prazo assegura que a eficácia das respostas combinem com a magnitude dos riscos globais.

“Momentos de incerteza nos ensinam a lição de que a estratégia deve ser mais direcionada em grandes linhas, e menos focada em metas rígidas. Isso dá aos líderes mais autonomia para se adaptar às mudanças quase instantâneas que acontecem no mercado global”, disse o especialista em Estratégia e educador do iPL, David Kallás. “Se, em tempos de turbulência, o grande recurso é a rápida adaptação, para épocas de estabilidade, competências de planejamento são as mais valiosas.”

Ele citou o exemplo da multinacional norte-americana Pepsi Co. Na década de 1990, os líderes da companhia acreditavam que, nos anos seguintes, o refrigerante perderia a preferência para bebidas mais saudáveis, como os isotônicos – e lançou a marca Gatorade. No entanto, algum tempo depois, a “água com aroma e sabor” tornou-se um dos produtos mais concorridos no segmento. “Se os líderes da Pepsi tivessem traçado uma estratégia com metas de vendas rígidas para o isotônico, provavelmente estariam preocupados exclusivamente com esses números. Não teriam olhado o mercado como um todo, ou se dedicado a desenvolver novos produtos promissores”, disse Kallás, que defende a ideia de metas e planejamento flexíveis. “Em vez de determinar que o faturamento anual deve ser de R$ 100 milhões, por exemplo,defina que você quer se tornar o líder de mercado.” A empresa não pode ser liderada como um relógio, mas por uma bússola que indique a direção a seguir.

Com a aproximação do final de ano, as equipes de liderança da maioria das organizações partem para retreats ou off-sites, e esta pode ser uma grande oportunidade para tratar de assuntos estratégicos. No contexto global, cada organização vive seu momento, e enfrenta seus desafios, que devem ser abordados com o máximo de atenção e cuidado nesses encontros. Quando bem conduzidos, off-sites desenvolvem líderes das empresas, constroem capabilidades organizacionais, e inauguram iniciativas que trazem sustentabilidade ao negócio. “Hoje, ainda que não haja um consenso sobre o cenário que se formará no curto e médio prazo, o líder deve compreender o contexto, adaptar as estratégias e criar uma visão que faça sentido para a companhia”, disse Kallás. O momento é de ajudar os líderes da organização a entenderem e a responderem aos riscos globais à altura, adotando esses constantes momentos de turbulência como se fossem um novo recurso de inovação.

Em tempos de revisão de estratégia, elencamos alguns aspectos fundamentais para o sucesso dos retreats de final de ano, de acordo com Position Paper publicado pelo iPL:

Propósito: Parta de uma razão concreta e clara para o encontro da equipe de líderes. Comunique tópicos, objetivos e resultados esperados.

Participantes: Os objetivos devem direcionar a lista de convidados.

Processo: Os participantes devem sair com uma visão adequada do contexto de mercado, do tema escolhido para o encontro, de oportunidades a explorar, melhorar, defender e adaptar.

Princípios: Defina princípios iniciais que conduzirão a contribuição dos participantes. A atitude do líder que convoca o encontro deve contemplar elementos essenciais: explorar possibilidades, abrir espaço, estar disposto a mudar de forma compartilhada.

Parceiro: Retreats devem ser orquestrados por um parceiro externo. Quando o líder do grupo conduz as discussões, a diversidade de opiniões e as decisões podem ser induzidas prematuramente, e a equipe pode perder o sentimento de ownership e engajamento.

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