08 dez
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Empreendedorismo verde-amarelo: oportunidades e desafios – iPL semanal número 36

O Brasil atingiu a marca de 3,9 milhões de pequenas e micro empresas empregadoras, com crescimento expressivo na última década, de acordo com o estudo “Empreendedorismo no Brasil 2010”, divulgado pelo Sebrae. Não há mais dúvida que o Brasil entrou para o “Big League” dos países com cultura empreendedora nos mais variados setores, do agronegócio à tecnologia de ponta, para o Program Director do iPL, Fernando Blanco.

“O brasileiro tem em seu DNA duas características fundamentais para o desenvolvimento de uma cultura empreendedora bem-sucedida, que são a criatividade e o empreendedorismo”, completou Blanco. “Por outro lado, notamos que o empreendedor brasileiro é exageradamente autosuficiente, foca desproporcionalmente em vendas e deixa tarefas importantes para a última hora, como planejar seu fluxo de caixa e captar crédito no momento e no formato corretos.”

O Brasil é um país que, apesar dos esforços do Governo (investimentos do SEBRAE, racionalização tributária etc.), mostra-se pouco amigável para o ambiente empreendedor. A oferta de mão-de-obra é limitada, o custo do capital altíssimo, a carga burocrática encarece os custos. Tais fatores contribuem para o desaparecimento de empreendimentos, trazendo frustração para os empreendedores e ineficiência econômica.

Para o empresário de pequeno porte sobreviver e crescer em um ambiente tão complexo (considerando-se os aspectos micro e macroeconômicos), o desenvolvimento de liderança efetiva torna-se fundamental. No best seller “Empresas Feitas para Vencer” (Good to Great), Jim Collins nos convida a praticar uma Cultura de Disciplina, que é suportada por três pilares: pessoas disciplinadas, pensamento disciplinado e ação disciplinada.

“No Brasil procuramos compensar nossa congênita falta de disciplina com muita criatividade, flexibilidade, adaptabilidade. Só que o famoso jeitinho brasileiro não mais funciona com a eficiência de outrora, em função da complexidade crescente do mundo dos negócios”, explicou Fernando Blanco. “Disciplina na gestão e na implementação da estratégia tornaram-se fundamentais para o sucesso empresarial, independentemente do porte da empresa.”

Aos empreendedores de pequeno porte ou em fase de start-up, que ainda não têm recursos para montar uma equipe de gestão que os apóiem neste processo, a saída passa pela capacitação do empreendedor e de seus auxiliares mais próximos. Outro fator chave é a atração e a capacitação contínua de talentos dispostos a apostar no sonho do empreendedor. A Geração Y pode uma boa fonte de profissionais bem formados e informados, aptos a participar de um projeto de sucesso.

“No entanto, esta energia só será mobilizada e absorvida de forma produtiva se a relação empreendedor-funcionário for alinhada às aspirações destes jovens profissionais”, disse o Program Director do iPL. De acordo com Blanco, vivemos em uma sociedade na qual o jovem tornou-se protagonista – as Redes Sociais são o grande canal deste protagonismo – e em que ele precisará encontrar as condições adequadas para contribuir e sentir-se peça-chave no desenvolvimento empresarial.

O conceito-chave de todo empreendedor que aspira crescer e vencer deve ser o intra-empreendedorismo (ou empreendedorismo interno), entendido como uma visão voltada para as grandes corporações estimularem a inovação bottom-up. No entanto, a emergência da Geração Y resgata esta fórmula e amplia sua aplicação para que empreendedores atraiam talentos, e que os apóiem na inadiável tarefa de gerenciar suas empresas de forma disciplinada e consistente.

Quando a economia cresce com vigor, um gerenciamento medíocre é tolerado. Ao que tudo indica, o cenário econômico para 2012 demandará foco redobrado no bom gerenciamento dos negócios. Uma liderança capacitada e disposta a atrair, reter e desenvolver talentos que o apóiem nesta espinhosa tarefa, poderá significar a diferença entre prosperidade e desaparecimento.

Um Case brasileiro

A história de empreendedorismo do CEO da ALE Combustíveis, Marcelo Alecrim, pode servir de inspiração aos líderes empreendedores. A partir de um único caminhão e da pequena Canguaretama no Rio Grande do Norte, ele conseguiu construir um império.

A primeira empresa de Alecrim, a SAT, cresceu rapidamente no interior do Nordeste quando Marcelo percebeu que as gigantes do setor preferiam focar seus investimentos em grandes postos nas capitais e grandes cidades. O crescimento acelerado levou a SAT e Marcelo Alecrim a se defrontarem com o desafio de gerenciar um negócio complexo demais para um one-man show fazê-lo adequadamente. A saída encontrada foi identificar, contratar e reter profissionais vindos de grandes empresas, como ESSO e SHELL, que estivessem dispostos a crescer com ele.

Após algumas operações societárias bem sucedidas, a SAT tornou-se uma das líderes do mercado nacional de combustíveis, presente em todo o País, com faturamento bilhonário e sempre presente nas listas das Melhores Empresas para se Trabalhar. Os profissionais que, há pouco mais de uma década, trocaram empresas multinacionais pela pequena empresa do empreendedor não se arrependem de suas escolhas. Se o caso de Marcelo Alecrim não é a regra, torna-se exemplo a ser seguido.

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