Liderança em Santos x Corinthians – iPL semanal número 7
A disputa final pelo título do Campeonato Paulista trouxe ao público dois diferentes estilos de liderança, assumidos pelos técnicos do Santos, Muricy Ramalho, e do Corinthians, o Tite. Muito além dos gols marcados naquele jogo ou de quem levou a taça para casa, é preciso considerar que há vários perfis de liderança adequados para diferentes situações.
“Indepentemente do estilo de cada um, todos os líderes ressonantes, como Tite e Muricy, têm a capacidade de inspirar a equipe e de criar um ambiente emocionalmente positivo e otimista”, disse o Program Director do iPL, Carlos Ferreira. “Os bons líderes se mantêm muito próximos de suas equipes e conseguem compreender o que está na mente e no coração dos outros.”
Em relação ao estilo Muricy de liderar, Ferreira o considera um líder “Acelerador”. “É obcecado por resultados e intolerante com baixa performance, com boa percepção para montar times rapidamente”, explicou o Program Director. “O líder ‘Acelerador’ é o mais indicado para o momento em que a entrega de resultados rápidos é vital.” Neste caso, o risco é o de não conseguir construir uma equipe, pois pessoas com baixa performance saem rapidamente, e os subordinados podem se sentir pressionados demais, com baixa auto-estima.
No caso de Tite, o perfil de querer ajudar cada um no próprio desenvolvimento e a preocupação com a auto-confiança no time, dão a ele as características de um líder “Coach”. No entanto, o risco que se corre como líder “Coach” é o de que, quando se tem uma equipe que precisa de resultados no curto prazo, ele pode ter sua capacidade de entregar resultados questionada pela torcida, pela imprensa e até pelos dirigentes. Também pode perder talentos que demoram para se desenvolver, e que são comprados por outros times.
Os estilos de liderança citados neste artigo são parte de um grupo de perfis analisados (veja Box abaixo) pelos especialistas Richard Boyatzis e Annie McKee, autores do best-seller Resonant Leadership. “A importância de identificar o próprio estilo de liderança é conseguir adequar-se para se posicionar apropriadamente de acordo com as demandas e necessidades”, disse Ferreira. “Não se fala em mudar de estilo, pois o líder que não é fiel ao seu estilo perde sua credibilidade.”
Ainda no futebol brasileiro, o técnico Luís Felipe Scolari, do Palmeiras, tem perfil de líder “Afiliativo”, por construir valores de família nos times que lidera – a “família Scolari”. “Mas ele também tem características de ‘Comandante’, ao exigir obediência instantânea e estar sempre orientado a resultados,” afirma o Program Director.
O estudo de técnicas e características de grandes líderes do esporte é constante em Programas de Desenvolvimento de Liderança. Dois dos maiores técnicos do basquete norte-americano, Bobby Knight e Mike Krzyzewski, tornaram-se clássicos entre os cases de Harvard Business School, que o iPL discute nesses Programas. Em Coach K e Coach Knight, cases que contam a história desses líderes, estuda-se como dois estilos de liderança totalmente diferentes podem trazer resultados excelentes ou colocar em risco a performance de um time.
Bons líderes devem estar atentos a criar e sustentar a ressonância, inspirando o grupo para levá-lo aonde jamais pensou que pudesse chegar. No entanto, para alcançar resultados excelentes, é preciso conhecer seu próprio estilo de liderança e avaliar se ele é adequado ao momento e ao perfil da equipe que você lidera.
O Líder Ressonante e Seus Estilos
O Líder Visionário
Eleva o clima e o orgulho; é Transformador
– Competências: Inspiração, Transparência, Empatia
– Riscos: Cinismo entre experts, Prejudicar decisões em equipe
O Líder Coach
Genuíno interesse em ajudar cada um em seu desenvolvimento; Eleva auto-confiança e desenvolvimento
– Competências: Desenvolver outros, Auto-percepção emocional, Empatia
– Riscos: Equipe demora a produzir resultado
O Líder Democrático
Compartilhamento de decisões; Excelente quando equipe tem mais experts
– Competências: Colaboração e trabalho em equipe, Gestão de conflitos e Influência
– Riscos: Reuniões intermináveis, Postergações, Conflitos políticos
O Líder Afiliativo
Compartilhamento de emoções; Mais valor a pessoas e sentimentos
– Competências: Constrói lealdade, conexões e moral. Colaboração, Empatia e Gestão de conflitos
– Riscos: Percepção de aceitação de mediocridade, Lento desenvolvimento de pessoas
O Líder Acelerador
Ótimo quando crescimento rápido é vital; Altíssimos níveis de excelência; Impaciência para baixa performance
– Competências: Orientação a resultado, Auto-percepção
– Riscos: Subordinados podem se sentir pressionados demais ou perdidos, Baixa auto-estima
O Líder Comandante
Exige obediência instantânea; Controle e monitoramento; Funciona em situações de emergência
– Competências: Influência, Orientação a resultado, Iniciativa
– Riscos: Descarrilar, Decisões erradas, Destruir equipe