14 abr
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O Ataque de Realengo e Liderança em Tempos de Crise – iPL semanal número 2

O ataque à escola Tasso de Oliveira, no Rio de Janeiro, nos leva a refletir se, como líderes, estamos realmente preparados para viver e lidar com momentos de pânico e terror inesperados. É durante as crises mais sérias que se prova a efetividade da liderança e que se tem a oportunidade de praticar a liderança transformadora, para o Program Director do iPL João Brillo. A pergunta que colocamos é: em nossa condição de líderes, por que parecemos mais bem preparados para tra­tar de assuntos técnico-operacionais do que para lidar com situações humanas, que demandam inteligência emocional?

“Como uma das justificativas para esse questionamento, podemos citar o episódio no Rio de Janeiro, pois se fala em colocar detectores de metais na entrada das escolas para reforçar a segurança. Mas as pessoas esquecem a necessidade da visão sistêmica sobre o assunto, para evitar medidas emocionais no calor da crise, que não são efetivas na solução de problemas complexos, e que geram outros problemas”, disse Brillo.

Ele se referiu à teoria do “Pensamento Sistêmico”, descrita por Peter Senge em seu livro “A Quinta Disciplina”. Para Senge, a criação de uma forma de analisar e uma linguagem para descrever e compreender as forças e inter-relações modelam o comportamento dos sistemas. Isso permitiria mudar os sistemas com maior eficácia e agir de maneira mais apropriada de acordo com os processos do mundo natural e econômico. “Nesse sentido, a melhor proteção que a escola pode construir é destacar seu papel como centro comunitário, deixando seus portões abertos para a comunidade”, afirmou Brillo.

Outro ponto que deve ser ressaltado é a necessidade de preparo para as situações de altíssimo estresse. Como essas situações podem acontecer a qualquer momento, a melhor solução é se prevenir nos tempos de tranquilidade, para o especialista. “Se um atentado dessas proporções já aconteceu nos Estados Unidos, por que não poderia acontecer no Brasil? O que aprendemos com situações semelhantes? Pense em seu dia-a-dia de liderança, em uma aquisição hostil, descoberta de escândalos catastróficos, em uma grave crise. Estamos preparados?”, ele continuou. “É preciso adotar uma mentalidade de prevenção, e não mais de reação frente às possibilidades de crise.”

Em casos extremos, como o do atentado às Torres Gêmeas, em 2001 (e que teria influenciado o assassino Wellington de Oliveira a planejar o ataque à escola carioca), o preparo do então prefeito de Nova Iorque,Rudolph Giuliani, foi fundamental para livrar o país de uma crise ainda mais séria. “Sabe-se que o governo local já tinha um plano de contingência para situações de emergência, que ainda não alcançava a proporção daquela tragédia”, disse Brillo. “Mas, ainda que não se tenha um plano de ação 100%  adaptado para uma crise, se tivermos um planejamento de risco próximo do que pode acontecer, a situação será melhor controlada. Líder é a pessoa que oferece soluções às dificuldades, direcionando sua equipe.”

Quando o assunto é liderar equipes em situações de crises, uma das histórias de maior sucesso de todos os tempos é a do explorador inglês Sir Ernest Shackleton. Ele conseguiu manter 28 homens unidos nos dois anos em que permaneceu perdido com sua equipe durante uma expedição na Antártica, no início do século passado. As lições de liderança de Shackleton são contadas no livro “Liderança no Limite” e uma de suas maiores conquistas foi organizar iniciativas em um ambiente caótico e com recursos limitados.

Diante de crises extremas e de liderança efetiva em igual proporção, deveríamos pensar sobre o quão proativos estamos sendo em nossa preparação para essas situações e que lições podemos tirar delas. A partir do momento em que conseguirmos visualizar a big picture, são infinitas as oportunidades que podem se descortinar à nossa frente. Bons líderes são capazes de transformar sentimentos em ação, o que pode significar a diferença entre sucesso e fracasso e entre a vida e a morte de uma empresa, de uma equipe, de uma escola.

As lições de Shackleton

O sucesso no retorno seguro da expedição de Shackleton e sua equipe é atribuído a muito mais do que sorte. As estratégias de liderança que capacitaram o grupo a superar todas as intempéries podem ser encontradas em uma série de princípios comuns a muitas outras histórias de sobrevivência. Os ingredientes base do triunfo de Shackleton são expressados nas dez estratégias seguintes:

Estabeleça uma visão e ganhos rápidos – Nunca perca de vista seu objetivo final e foque sua energia nos objetivos de curto prazo.

Dê o exemplo – Como líder mantenha a coerência entre odiscurso e a prática. Dê pessoalmente o exemplo com comportamentos e atitudes coerentes.

Otimismo com realidade – Dissemine otimismo e auto-confiança mas seja realista.

Cuide-se, mantenha a resistência e não sinta remorsos.

Mensagem para o time – Reforce constantemente que “ somos um time. Viveremos e morreremos juntos.

Os valores do time – Minimize as diferenças individuais e insista na cortesia e respeito mútuo.

Administre os conflitos – Lide com a raiva em pequenas doses, engajando os dissidents e evitando disputas desnecessárias de poder.

Celebrar – Encontre o que celebrar e sobre o que dar gargalhadas.

Risco – Esteja pronto a assumer grandes riscos.

Criatividade persistente – Não desista jamais.Sempre haverá outra alternativa.

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