17 ago
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O Crepúsculo – Estamos Perto do Fim de uma Era Econômica? – iPL semanal número 20

Os protestos na Inglaterra, a primavera árabe, as manifestações na Grécia e tantos outros movimentos que possam parecer desconectados, na verdade revelam um momento de transição no mundo: uma mudança dramática na maneira como a sociedade funciona e a busca por novos valores ainda não esclarecidos. “Como aconteceu no final do Império Romano e na época da Revolução Francesa, assistimos a transformações cujas consequências ainda não conseguimos definir claramente”, afirmou o CEO do iPL, Carlos Da Costa. “No papel de líderes, precisamos estar atentos a esses movimentos e conhecer profundamente as ciências humanas e sociais para compreender este momento, buscando soluções novas a situações e conflitos que também são novos.”

Um mundo em transição traz perigos e oportunidades, para Da Costa. Líderes e organizações vencedores devem perceber os processos de transição e mudar rapidamente para sobreviver, sem abrir mão dos seus propósitos-chave. “Se estamos partindo para um mundo pluri-ideológico, em que os sistemas e modelos existentes já não atendem aos anseios dos indivíduos, devemos aproveitar a oportunidade de ajudar a criar o nosso próprio futuro.” Para o professor e CEO do iPL, os modelos conhecidos fracassaram. ¨O comunismo nunca conseguiu se erguer, o socialismo ruiu, a social-democracia está falida e o capitalismo clássico enfrenta uma crise terminal – a eficiência trazida pelo livre mercado gera desigualdades que não são aceitas pela base da pirâmide, que por estar cada vez mais conectada, tem mais possibilidades de se organizar para protestar.” Embora a concentração de renda possa ser justificada por princípios éticos como os de John Rawls, a sociedade moderna incluída pelos meios de comunicação e pela política protesta contra a exclusão econômica. “Há uma dicotomia que ainda precisa ser resolvida – os jovens querem ser Steve Jobs ou Mark Zuckerberg, e ao mesmo tempo se sentem injustiçados se não alcançam o topo da pirâmide.”

Esse pensamento segue no mesmo sentido das ideias do pesquisador Jim Collins, autor do livro “How the Mighty Fall” (ou Como os Poderosos Caem, ainda sem tradução para o português). Para Collins, os líderes estão menos aprisionados pelas circunstâncias e histórias, e mais submetidos à capacidade de encontrar soluções inovadoras diante de situações inéditas. Qualquer organização, por melhor que seja, está vulnerável a cair (assim como caíram regimes e formas de governos, ao longo de uma história que se constrói a cada dia). Assim, bons líderes devem estar dispostos a abraçar a inevitabilidade da destruição criativa, mas nunca a desistir dos princípios e de seus valores-chave, ou da disciplina para criar seu próprio futuro.

Collins, tendo estudado ambos os lados de como as organizações se tornam ótimas (quando publicou o best-seller Good to Great) e também sobre como elas podem cair, concluiu que há mais maneiras de se cair do que de se tornar ótimo. Ele identificou “Cinco Estágios de Declínio” de organizações de sucesso.

No primeiro estágio, o sucesso se transforma em uma “arrogância visível” para funcionários, clientes e comunidades. A retórica de sucesso “Somos bem-sucedidos porque fazemos coisas específicas” substitui o insight “Somos bem-sucedidos porque entendemos a razão de fazermos coisas específicas e em que condições elas não mais funcionariam”. Em um mundo onde o tecido social está sendo rasgado e reestruturado de maneira que ainda não sabemos como ficará o todo depois de pronto, é preciso atentar-se a cada movimento para antecipar o próximo passo. Ou, pelo menos, caminhar junto.

Na segunda etapa do declínio, Collins defende que a perseguição indisciplinada para se conseguir cada vez mais pode levar o líder a adotar os maiores riscos, afastando-se de suas vantagens competitivas em nome do crescimento. “Um dos homens mais ricos do mundo declarou que sua meta é se tornar ‘O’ mais rico, por exemplo. Existe uma confusão entre o que é grande e o que é ótimo”, sustentou Da Costa. “Interesses pessoais estão cada vez mais posicionados sobre interesses organizacionais. Se existe um limite, até onde ele vai?”

A negação dos riscos e dos perigos reais, identificados por Collins como o terceiro estágio do declínio de uma organização, deixaria o líder cego para considerar os brutal facts, ampliando os pontos negativos e negando o lado negativo. Se, neste momento-chave, não se conseguir salvar a organização, o próximo passo pode ser o fim, argumenta Collins. O declínio é, em grande parte, auto-causado. No entanto, o caminho para a recuperação está nas mãos de cada um.

Em toda a História, o sucesso é um vai-e-volta sem fim. Se, como líder, você se mantiver ou cair, resistir ou morrer, depende mais do que você faz por você mesmo do que o que o mundo pode fazer para você. Como já diz o título do livro, os poderosos podem cair… ou garantir sua perpetuidade com líderes sábios e equipes conscientes.

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