15 mar
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Quase um cônjuge: o que esperar de uma sociedade?

Embora financeiramente viável, uma sociedade traz consigo um pacote de outras questões que precisam ser bem avaliadas antes de qualquer decisão. Além de uma questão estratégica, sociedade inclui também o fator relacionamento: seja  com familiares, amigos ou estranhos, é uma loteria sem igual. E é parecido com casamento – e casamentos acabam mal aos montes, mas nem por isso deixamos de nos casar, certo?

Por mais que se conheça o futuro sócio em âmbito pessoal, é quase impossível determinar o comportamento no dia-a-dia de um negócio. As pessoas se comportam de forma diferente quando atuam em papéis diferentes. Em outras palavras, uma esposa maravilhosa pode ser um pesadelo como sócia e o mesmo vale para o melhor amigo. Pior, nem nós sabemos como funcionamos no cotidiano de uma sociedade, até que se possa vivenciar a situação.

Ser sócio de alguém numa empresa que está começando é um tremendo desafio; por outro lado, juntar-se a um sócio e comprar um negócio que já existe há tempos é duas vezes mais complicado, porque nunca se tem certeza do que se pode encontrar. E associar-se à uma empresa que já tem um dono há anos é três vezes mais complicado.

Nos dois últimos casos, nunca se sabe o real estado da empresa, até se esteja dentro dela. De fora, nem sempre o aspirante a sócio consegue detectar se há dívidas e a gravidade delas (fiscais, trabalhistas, bancárias, com ex-sócios, locador, fornecedores…);  o empreendimento pode estar dando prejuízo ou lucrando menos do que lhe foi contado, entre outros problemas. A lista de encrencas possíveis é longa.

Quando a opção é entrar em uma empresa já existente, pode haver certa tensão no tocante à maneira de tocar o negócio. O atual dono já tem seu jeito de gerenciar as coisas, inclusive alguns vícios. E aí vem o sócio-novato com ideias diferentes, querendo dar palpite na produção ou na forma de vender. Pior, pode desconfiar que algo está errado na administração e querer entender melhor as coisas. O risco do sócio fundador se ofender e o clima entre os dois azedar é gigantesco.

 

Algumas [úteis] reflexões:

1. Você leva jeito para empreender? Tem tolerância para incerteza e risco? Emprego é chato, mas o salário tende a pingar na conta-corrente todo mês, chova ou faça sol. Quando se empreende, a entrada de caixa é uma suposição enquanto as despesas a pagar são uma certeza.

2. Você convive bem com a divisão de poder? Em casa, com seus irmãos ou companheiro (a). Se você tem tendência a querer mandar em tudo ou gosta de ter o seu ponto de vista sempre vitorioso, é melhor não ter sócios! Muitas vezes, em uma sociedade, ceder será inevitável para chegar a um consenso. A mesma preocupação vale para a situação oposta: pessoas pacatas demais – ou omissas, o que é ainda pior – também não devem ter sócios, pois tendem a sair lesadas, uma vez que delegam todas as decisões ao outro.

3. “Sócio-chefe”: é o caso típico de quando se decide entrar em um negócio que existe há anos, principalmente como sócio- minoritário. O sócio mais antigo tem mais ações do que o novato e, no fim das contas, ele acaba mandando mais do que o recém-chegado, gerando uma situação delicada: você não é empregado da empresa, mas tem um chefe. Tem que ter flexibilidade, jogo-de-cintura (e estômago) para conviver com isso.

4. As personalidades, o jeito de ser, os valores pessoais combinam? Se você é um de jeito e o sócio é muito diferente, as chances de sucesso são mínimas, salvo se houver muita maturidade entre as partes, para entender que a complementaridade é boa para os negócios. Mas se tratando de dois machos-alfa (http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfa_(biologia), as chances de a sociedade dar certo são bem pequenas mesmo…

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